Como diria Clarice: várias faces do mesmo eu..

"Eu não sou legal, não mesmo. Acho que sempre tenho razão e quando minhas previsões dão certo olho com a cara mais abominável do mundo, dou um sorriso irônico e falo o clássico eu-te-avisei. É que, em geral, eu tenho razão. Essa é a primeira –e mais importante – coisa que você precisa aprender a meu respeito. (...) Não sei receber elogios, fico sem saber o que fazer, me atrapalho e acabo trocando de assunto – quando não troco as pernas e tropeço em algum canto de mim. Sorrio para disfarçar desconfortos. Se eu não gosto de você é bem provável que você tenha medo do meu olhar. E eu posso simplesmente não gostar de você de graça. Se eu gostar de você aviso de antemão que você é uma pessoa de sorte. Eu me entrego. Quem vive comigo sabe. Quem convive comigo sente. Eu amo poucos. Mas esses poucos, pode apostar, amo muito."
"Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calmo e perdôo logo.
Não esqueço nunca.
Mas há poucas coisas de que eu me lembre.."
"Sinto dizer: desapontar pessoas faz tão parte da vida quanto tomar café. Leio e releio esta frase e engulo seco. Minha alma está de dieta. Não cabe em mim o peso de mais uma cara amarrada. Decepções não acontecem porque deixamos de fazer alguma coisa para alguém ou porque não somos como a imagem que projetaram de nós. A verdade é que as pessoas (nas quais me incluo) não sabem o que querem de si mesmas e jogam suas frustrações nas costas do outro. Em cima de alguém que obrigatoriamente deveria ter a resposta. Mentira minha? Não creio. E não há resposta na última página, sua verdade não está em ninguém (a não ser em você mesma), a decepção te engole, a culpa inflama, dias e noites são perdidos por emoções não conferidas no guichê. Vamos simplificar? Pegue a senha e aguarde. Pessoas sempre se decepcionarão com você. Pessoas sempre se apaixonarão por você. O importante é: não permita nunca que VOCÊ se decepcione, pois só VOCÊ tem o poder de fazer isso."
 
(Fernanda Mello)
"Oi, tudo bom? Infelizmente, esta carta não é de quem você esperava. Mas, como eu sei direitinho como você se sente, talvez traga boas notícias.

Olha, desculpa minha sinceridade, mas a vida é muito curta para ficar aguardando pelos outros. Se quem você aguarda realmente se importasse com você, já teria dado algum sinal de vida. Parta para outra.

Já reparou numa certa pessoa que você conhece e tem uma quedinha por você? Não posso dizer quem é, mas pode ser alguém que trabalha do seu lado ou que mora perto da sua casa ou que frequenta um mesmo lugar. Sei que se trata de uma pessoa bem legal, vale a pena procurar saber quem é.

Fique de olho, tem um monte de gente reparando em suas qualidades. Aposto que, se você olhar em volta, neste instante, tem alguém olhando disfarçadamente para você. Pode não ser o seu tipo, mas já é uma dose de auto-estima, substância da qual você carece.

A verdade é que, enquanto você estiver assim, nessa interminável agonia, esperando notícias que nunca chegam, vai deixar passar várias possibilidades interessantes ao seu redor. Claro, ninguém se compara a quem você aguarda, mas quem você aguarda não está disponível no momento. Poderá, inclusive, nunca estar, apesar de tudo o que foi dito naquele dia. Pessoas que somem não são confiáveis.

E, mesmo que você tenha certeza absoluta de que não se trata de desprezo, que deve ter acontecido alguma coisa, que esse sumiço tem alguma explicação, não adianta nada você ficar aí esperando. Corroer-se de ansiedade não vai apressar a resolução do problema, seja ele qual for. Então, desencana.

Dá uma esquecida desse assunto, tenta focar as energias naquilo que depende da sua vontade. Caso seja necessário, para tirar de vez essa história da cabeça, mande você uma carta esculhambando e colocando um ponto final na questão.

O fato é que não dá para você continuar assim, desse jeito. Está todo mundo comentando.

Ninguém tem coragem de dizer isso para você, mas todos concordam comigo. Já chega.

Além do mais, se for para ser, será. Um dia, quando você menos espera, pinta um reencontro, sei lá. Mas até esse possível reencontro fica mais difícil se você não se abrir de novo para o lado inesperado da vida.

E, cá entre nós, se a pessoa que você aguarda é quem eu estou pensando, também não é nenhuma belezura assim. Você arruma coisa melhor.

Mande notícias, ficarei aguardando."

(Fernanda Young)
"Eles tiveram um romance; não um grande romance, mas um romance, mais importante para ela do que para ele, como quase sempre. Ela sofreu, penou, passou noites em claro esperando por telefonemas que não vieram, mas às vezes ele aparecia, com desculpas esfarrapadas nas quais ela acreditava porque queria, e assim foram levando durante um tempo, até que um dia acabou de vez.
Acabou de vez, depois de um tempo ela lembrava dele só às vezes, mas cada vez menos, e por uma dessas coisas do destino, nunca mais se viram, nem por acaso, andando na rua.

Anos se passaram; um dia ela entrou num aeroporto, procurando o portão de embarque e viu lá longe, sentado, alguém que parecia ser ele. Será? De óculos escuros, pode perfeitamente olhar sem dar bandeira, e olhou. Não, não podia ser. Não podia ser, só que era.

Um começo de calvície, um paletó meio churreado, e sobretudo um ar de derrota, tudo que ela achava lindo e charmoso no tempo em que era apaixonada. Ela passou reta, e foi parar dois portões mais adiante do que o seu, para ter tempo de respirar (e de medo que ele a reconhecesse e tivessem que conversar). Sentou-se lá longe e ficou de olho, para evitar o encontro.

Daria a vida, naquela hora, por um cigarro, é para isso que eles existem, mas nesses malditos aeroportos modernos não se pode fumar. Pegou um jornal deixado na cadeira ao lado, e fingiu que lia as notícias econômicas, enquanto pensava nas loucuras que fez por aquele homem, e nas que teria feito, se ele tivesse deixado. Pensou também que poderia ser mais normal, passar por ele e dizer um oi, como você está, perguntar como a vida vai indo, mas não teve coragem.

Tentou pensar em outra coisa, mas não conseguiu, só queria embarcar logo, e que ele não a visse, pelo amor de Deus. Depois do que lhe pareceram horas, o embarque foi dado, o que significava que ela teria que passar de novo pelo lugar em que ele estava sentado, se é que ele ainda estivesse lá. Tinha que encarar, ou então dormir numa cadeira do aeroporto. Tomou coragem, respirou fundo, e foi.

Viu que ele continuava no mesmo lugar, e ela tinha que passar bem diante dele. Ajeitou os óculos e passou, com um olhar bem distraído, mas olhando, pelo rabo do olho. E teve a dolorosa impressão que ele a tinha visto, e que não tinha se dirigido a ela pelos mesmos motivos: talvez a tivesse achado feia, velha, churreada, com ar de derrotada pela vida.

Foi das primeiras a entrar no avião e sentou-se bem no fundo, para ver se ele ia entrar no mesmo que ela, o que felizmente não aconteceu. Pensou em como o mundo é cruel, e quando a comissária de bordo passou oferecendo um lanche, pediu um uísque - só que na ponte aérea não servem bebidas alcoólicas.
Teve que segurar o tumulto dentro dela até chegar em casa, tirar o gelo e tomar não um, mas três uísques, um depois do outro. E só parou no terceiro porque se continuasse seria capaz de cair em prantos, não por ele, não por ela, mas por tudo."

(Danuza Leão)
"Eu sei que não sou um exemplo de bom comportamento nem tenho no currículo uma coleção de finais felizes. Eu sei que eu meto os pés pelas mãos na maioria das vezes. Eu sei que quando se trata de relacionamento, eu tenho ciúme, eu sou insegura, eu faço cena. Eu sei de tudo isso e, acredite, eu tento melhorar (apesar de não estar funcionando ainda!). Mas o que eu mais sei é que a gente só aprende dando cabeçada por aí.

Então por que é que as pessoas se acham capacitadas em dar palpites na vida das outras? Alguém me explica? Alguém me explica porque é que aquela amiga que nenhum homem suporta ela por mais de quinze dias pensa que sabe o que é melhor pro seu namoro? Ou por que aquela pessoa que já foi infiel nos seus relacionamentos quer te convencer de que existe fidelidade? Por que a gente sempre tem a fórmula mágica pra vida dos outros? Por que alguém sempre sabe nos dizer exatamente o que fazer, mas nunca faz nada direito? Faça o que eu digo, não faça o que eu faço? É isso?

Você ta fazendo errado! Isso não ta certo! Não pode ser assim! Faça de tal jeito! Espera aí. Quem perguntou? Isso mesmo. Ninguém perguntou. É só um hábito irritante que as pessoas – em especial as mulheres – têm. Ninguém ta pedindo conselho ou colocando a vida aberta para debate. A gente não está interessado em fazer como a melhor amiga faz só porque a experiência dela deu certo. Se fosse assim, a gente ouvia conselho de mãe, de vó, de tia velha e casava virgem, não é?! Não. A gente faz o que a nossa cabeça manda e não o que as pessoas nos dizem. A gente quebra a cara. Sofre. Leva pé-na-bunda. Se decepciona com todo tipo de gente. Mas no final, a gente aprende alguma coisa que não aprenderia se tivesse feito tudo certo.

Tudo certo demais me cansa. Muito Pollyanna pro meu gosto (aliás, que moral tem alguém cujo nome repete doze vezes a mesma letra e usa y no lugar da letra i pra parecer sofisticado?). Que graça tem alguém que machuca o dedo e não grita um palavrão? Que graça teria se a gente conseguisse tudo que quer? Se fizesse tudo conforme o manual. Se só abrisse o presente de Natal depois da meia-noite. Se tudo saísse conforme planejado. Se a gente não tivesse ciúme. Se a gente soubesse exatamente como fazer tudo. Ou se tivesse alguém pra nos dizer sempre como fazer. Não teria graça nenhuma.

Não haveria inspiração pras duplas sertanejas, pros noticiários, pros blogueiros, pra Sônia Abrão ou pra Márcia Goldsmith. Não haveria dor ou poesia. Os dias chuvosos não fariam o menor sentido. O mundo não teria graça se tudo fosse perfeito e se todo mundo tivesse a resposta pro problema alheio antes mesmo do alheio ensaiar querer um conselho. Por isso, detesto que alguém dê palpite na minha vida. Deixe que eu caminhe com minhas próprias pernas curtas dando meus passos pequenos. Um de cada vez. Deixe que eu caia, levante e comece de novo se precisar. Mas, por favor, me deixe fazer sozinha. Do meu jeito errado. Se eu vou me machucar mais do que aprender alguma lição, deixe que eu descubra no final. E, no final, se der tudo errado, quero ver quem vai voltar pra ficar do meu lado."
 
(Brena Braz)
"A sua dor também me dói, mas por ser sua do que por ser dor. E se eu disser de novo a palavra saudade vou estar abusando das letras. Não vivemos o que tínhamos para viver e essa sensação é bolo que não assou, é chuva que não choveu é latido sem som. Tivemos boa vontade, mas ditados já dizem que delas todo lugar está cheio e não somos pessoas de qualquer lugar. Temos os nossos. Isso podemos dizer que fizemos: construímos histórias em lugares, tantos deles. Não paramos porque o movimento nos fazia amor e quando paramos o amor acabou. A nossa música ainda toca, eu tenho ela aqui. E lembro a primeira vez que você me disse três palavras juntas. Eu estava girando. Hoje não giro, ando em linha reta e me pergunto quem foi que me disse que era pra andar assim. Lembro de você com fome e eu te dando café da manhã. Somos pessoas de fome, não é? E saudade (aí vai ela) é fome que não se mata. Até te ver. Eu sonho outros sonhos e você vive outra realidade. Roda Gigantes de tamanho que subestimamos. Já disse que você usava shorts e eu saia rodada, fomos infantis menino, fomos infantis e agora é viver de gotas que escorrem e de fumaça que saem dos cigarros que pensam em nós. Porque nossa história agora é história."
 
(Camilla Tebet)
"Gosto de pensar assim: se a gente faz o que manda o coração, lá na frente, tudo se explica. Por isso, faço a minha sorte. Sou fiel ao que sinto. Aceito feliz quem eu sou. Não acho graça em quem não acha graça. Acho chato quem não se contradiz. Às vezes desejo mal. Sou humana. Sou quase normal. Não ligo se gostarem de mim em partes. Mas desejo que eu me aceite por inteiro. Não sou perfeita, não sou previsível. Sou uma louca. Admiro grandes qualidades. Mas gosto mesmo dos pequenos defeitos. São eles que nos fazem grande. Que nos fazem fortes. Que nos fazem acordar. Acho bonito quem tem orgulho de ser gente. Porque não é nada fácil, eu sei. Por isso continuo princesa. Continuo guerreira. Continuo na lua. Continuo na luta. No meio do caos que anda o mundo, aceitar é ser feliz."

(Fernanda Mello)
"Eu? Eu não sou apenas boa. Sou uma pessoa muito bonita, generosa e linda - e quem aguentar, aguentou. Como prêmio terá o meu amor. Saberá da minha verdade. Dará boas gargalhadas, mas terá que suportar uma boa dose daquilo que sinto. Pois, apesar de tudo ser diversão, nada é simples. Nada é pouco quando o mundo é o meu."

(Fernanda Young)
"Eu não sei bem o quê me fez sentir saudades suas, mas os dias frios trouxeram ao céu o tom de vermelho que têm as suas fotos. E toda a gente fútil que me rodeia me permitiu deixar o pensamento viajar por terras suas. Eu não sei por que as pessoas falam tanto se ninguém sabe ouvir...

Eu quis estar longe daqui e senti falta de suas palavras. Vai entender por que a vida fez a gente se encontrar. E o que era pra ser esquecido volta ainda mais forte. Calei-me para ouvir os pássaros que cantam pela manhã em minha janela e não quis mais gastar saliva inutilmente. Desisti de implorar por aquilo que não virá e ganhei energia para lutar. E já que não vou mudar ninguém, melhor fazer tudo aquilo que gosto e não exigir tanto que as coisas saiam perfeitas. Voltei a ocupar o meu primeiro lugar, estudei a solidão que reina na multidão e ganhei o conhecimento que só a mágoa traz."
"Não.
Não foram suas mentiras
bondades pra me poupar da dor.
Nem foi sua indiferença
embasada em nobres sentimentos.
Não houve autopunição.
Apenas uma máscara do egoísmo,
um disfarce pobre que ruiu com você.
O que me resta
é transmutar o ódio em desprezo.
É o máximo que posso te oferecer.
E não cobro nada por isso."
"Sou reticência... re.ti.cên.cia  sf (lat reticentia) 1 Omissão daquilo que se devia ou podia dizer; silêncio voluntário. 2 Ret Figura que consiste em fingir que se deixa em silêncio aquilo em que se vai tocando, embora a largos traços; aposiopese. sf pl 1 Pontos (...) que, na escrita, indicam suspensão do sentido ou omissão de palavras; pontos de reticência. 2 Linha representada por pontos ou série de pontos que indica a falta de períodos ou até mesmo parágrafos completos."
"Vá.
Fale mal do mundo enquanto eu faço versos.
Investigue a vida alheia. Faça calúnias.
Invente histórias em que você não está.
Vá!
Mas vá logo!
O que te espera de si?Flores, perdão...
Ou um sentimento barato pra se enfeitar?

Vá.
Fale mal de mim enquanto eu faço versos.
Queixe-se da vida. Culpe o outro. Beba algum veneno forte.
Engula uma verdade sem rir. Insulte alguém feliz.
Meu coração tão leve - daqui - te sente:
Tanta falta de amor por si mesmo, porquê?

Como te escreves se nem sabes servir?
Queria te dizer, me desculpa a audácia
Do mundo, a gente pouco leva: O que viu ali.
O que sentiu. O que leu...
O que fez por alguém e por si mesmo.
O que foi, quase por engano.
Da vida, meu amigo, a gente só leva o coração.
E o meu é poesia. Música.
E uma leve descrença no ser humano que eu não posso evitar.

E o seu?(...)

Vá! CUIDE-SE.
Mas cuide DE SUA VIDA.
Sempre é tempo de mudar e se fazer feliz."
 
(Fernanda Mello)
"Sou intensa demais. Se vou à praia fico até anoitecer, se saio pra dançar só volto ao amanhecer; se me apaixono sou toda aquela Dança do Universo, se a coisa me dói eu sinto a alma descascada exposta ao sol de tanto que me arde, se estou num momento fértil acordo no meio da madrugada pra escrever (quando consigo dormir), minha gargalhada é aquela alta, satisfeita, que sacode todo o corpo, muda toda a expressão do rosto; se choro meu corpo se encolhe até virar botão, semente, num soluço de partir qualquer coração; se me isolo não atendo nem ao telefone, se me socializo sou capaz de juntar diversas pessoas de várias tribos num mesmo lugar. Se vou para um boteco, só volto pra casa quando fecham o bar.."

(Marla de Queiroz)
"Fiquei mal. Chorei. Fui ao fundo do poço. Mas voltei. Mais forte. Com mais vontade de começar tudo de novo. E o melhor disso foi que aprendi. Aprendi que existem duas formas de você sair de uma grande merda feita: ou você liga o foda-se ou quem se fode é você. Então eu resolvi ligar o foda-se.

Descobri que nada pode ser tão ruim quanto parece. E que a gente costuma ver nossos problemas como os piores grandes acontecimentos do mundo. Mas não são. Seu último namorado não é a última bolacha do pacote. Acredite em mim. Não é. Mas só o tempo mesmo pra fazer a gente enxergar isso. Não adianta sua melhor amiga falar. Ou sua mãe. Muito menos eu.

Você não vai achar outro cara igual ao seu ex-namorado. Ninguém vai te olhar com aquela carinha fofa e aqueles olhinhos pequenininhos que ele tinha. Ninguém vai segurar seu pé do jeito que seu ex-namorado segurava. Ninguém vai te chamar por aquele apelido que ele inventou pra você. Você não vai achar outro cara como ele. Mas você vai achar um cara que te trata como uma princesa. Vai achar um cara que te faz rir das coisas bobas que ele fala. Vai achar um cara que te amolece com o jeito que ele encosta o nariz dele no seu. Existem milhares de cidadãos bacanas por aí. E esse cidadão pode não ter a boquinha rosinha que você adorava mas vai ter um narizinho em pé que você vai adorar também. Ele pode não ter um calo abdominal pra você implicar mas vai ter aquele pé branco-de-dar-medo que vai te matar de rir.

É assim. Ninguém faz igual a ninguém. Mas alguém pode fazer melhor. Alguém pode fazer diferente e você vai gostar também. As pessoas chegam na sua vida, as pessoas vão embora. É assim que funciona. Final de namoro? Ótimo. Ao invés de ficar deitada na sua cama, chorando, coloque a sua melhor roupa, seu salto mais alto e seu melhor sorriso. A boa notícia é que tem outro cara tão bacana quanto aquele último perdido por aí. E que está cheio de caras bacanas fora da sua cama doidos pra estar nela.

Pra isso serviu meu estágio na vida de solteiro. Pra eu ver que existe um mundo de possibilidades aí fora. Que a gente cai pra aprender a se levantar (isso eu aprendi no último filme do Batman). Que, se alguém não quer estar com você, mande esse alguenzinho de merda pastar! Ele pode ser lindo, cheiroso, gostoso, charmoso e um monte de outros “osos”. Se ele não te quer, ele não tem o primeiro quesito da lista.

Meus amigos dizem que sou fria. Que tenho coração de gelo. De jeito nenhum! Sou apenas prática. A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Até porque nunca tive talento pra auto-flagelação. Fui mimada a vida inteira. Por isso gosto de ser bem tratada. Exijo. Comigo, é do meu jeito (my way or the highway). E se não tiver bom assim, querido, passe mais tarde! O produto é de boa qualidade e tem garantia. Não gostou? Devolve. Tem uma fila gigante lá fora só esperando a porta abrir."

(Brena Braz)
"Sábio o silêncio que habita o coração! Que eu consiga ser quem eu sou e bata palmas no final! Mesmo que eu escorregue em mim e puxe a cortina antes do espetáculo acabar. Quem vai dizer que não era esta a melhor parte do show?"
"Ah, quer saber o que eu penso? Você agüentaria conhecer minha verdade? Pois tome. Prove. Sinta. Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Liberdade de ser. Ser louca, estranha, linda, chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Tenho uma TPM horrível. Sou viciada em gente. Adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir... Um beliscãozinho que for, me dê. Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de sapo. Este é o meu alimento: palavras para uma alma com fome.

(Meu coração é minha razão. Essa é a lógica que inventei para mim)."

(Fernanda Mello)
"Eu gosto de errar. Sinto o cheiro e gosto dos meus erros e simpatizo com eles. O certinho me causa desconfiança. Antipatizo com o correto. Prefiro a minha infelicidade com flashes de felicidade momentânea... Esperar não é para mim. Produzo teorias que não servirão para nada. Invento palavras que não existem, faço meu próprio dicionário. Crio definições que só eu uso e, ainda por cima, me mato de rir. Prefiro a minha insanidade com flashes de sanidade instantânea... O que presta é o que me interessa. O que eu quero, agarro. O que eu desejo, abraço. O que eu sonho, desenho. O que eu imagino, escrevo. O que eu sinto, escondo. A perfeição está no meu humor. Está na minha emoção. Está nas minhas linhas tortas e devaneios tolos. Nem sempre minhas ações condizem com as minhas palavras. Me conheça. Me decifre. Me ame. Me devore"
 
(Clarissa Correa)
"Às vezes a vida fica difícil, preciso lembrar disso. Duas coisas me fazem perder a paciência e a crença na melhoria contínua da espécie: a burrice e a falta de sensibilidade. Não que eu seja O Primor Da Inteligência ou A Pétala De Rosa Em Forma De Gente, mas meu QI é acima da média e eu choro com uma simples mensagem no celular. Me pergunto como, como, como pode alguém ser tão animalescamente estúpido?!? Animais, me perdoem, conheço alguns muito inteligentes. Os macacos, por exemplo, colocam comidinha na boca e se estapeiam. Juro, uma vez eu vi um macaco dando tabefe em uma macaca. Coisa boa com certeza ela não fez. E a minha cadela pega o jornal. E ainda por cima balança o rabo, feliz com sua vida canina de sombra, ração e água fresca. Eles gostam de agradar os donos, fazer vontades. Coisa boa ter cachorro. Depois de um dia péssimo, lá estão eles prontinhos para nos trazer alegria e vida, muita vida. Não há dinheiro que pague o olhar doce de um cão. Ou uma lambida bem no meio da cara quando o mundo parece não fazer o menor sentido. É, eles sentem. E, mais uma vez, querem nos agradar com carinhos lambidais. Coisa linda.

Volta e meia falo sem pensar, meia e volta falo o que não devo, tenho A Síndrome Da Falta De Filtro, ligação direta entre pensamento e voz. Ops, escapuliu. Vezenquando fico insensível, dura, rocha, ríspida. Logo passa. Me dou conta, o coração derrete, me desculpo, abraço e tudo fica bem. Um mundo de abraços, quando o próprio mundo ameaça escorrer feito água em direção ao ralo. O ralo. É difícil limpar ralos da mesma forma que é difícil limpar a vida. Filosofias demais, eu sei. E olha que tô tomando suco. Deixa pra lá então. Só quero dizer que às vezes fica difícil e me dá uma vontade danada de esganar gente burra, estúpida, crápula, insensível e tonga. Pronto, falei.

Não acerto sempre e erro muito. Muitas vezes, Cagalhona De Carteirinha, o medo toma conta e penso será-será-será-que-consigo? Receber nãos nunca fez parte do roteiro da minha vida. Tô acostumada com sins, talvez por dizer tantos. É difícil pra mim dizer não. Não estou acostumada com o Não. E penso, é, o Não não tá com essa bola toda, ele não pode me impedir de nada, sai da frente, Não, tô passando. É que às vezes a vida fica difícil, não entendo. A modesta e convencida verdade é que ando me achando peça rara demais em um mundo feio. Feio e lotado de gente burra e insensível. Por Deus, aprendam! O que vale é o simples e não carro e grana e lugar vip. Lembrei de uma música "já tive carro e grana e um monte de convites pra qualquer lugar... hoje eu só ando a pé, mas eu continuo a andar". Concluo: sensibilidade e inteligência andam juntas. É por isso que me visto de paciência dia após dia. E "vou sobrevivendo sem um arranhão."
 
(Clarissa Corrêa)
"E hoje acordei com uma sensação estranha, aquela sensação de tristeza, com uma música na cabeça que eu nem tinha ouvido ontem a noite. Senti os olhos marejando. Estranho mesmo. Era uma sensação de vazio. Não era frustração, desamor, nem amor nem raiva de nada ou coisa alguma coisa. Era apenas um nada…
(...) E a sensação estranha da manhã foi se revelando. Alguma coisa está mudada. O sentimento não mudou, mas a intensidade dele sim. Não está morto ou esquecido. Não espero mais o telefone tocar. Não quero mais que toque.
Derepente me peguei lembrando. Sim, lembrando de outras experiências. De outros sentimentos deteriorados. Não esqueci nenhum deles. Mas eles não me afetam mais.
E quanto tempo demora pra esquecer alguém? Não faço idéia. Mas quanto tempo demora pra desistir de algo e seguir em frente? O mesmo tempo que leva uma palavra ouvida ser assimilada pelo nosso cérebro: coisa de segundos…

? Mudaram as estações, nada mudou.

Mas eu sei que alguma coisa aconteceu.

Tá tudo assim, tão diferente… ?

? Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está.

Nem desistir, nem tentar, agora tanto faz… ?

- Legião Urbana - "
Continuo achando graça nas coisas, gostando cada vez mais das pessoas, curiosa sobre tudo, imune ao vinagre, às amarguras, aos rancores.

(Zélia Gattai)
"Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive."

(Vinicius de Moraes)
"Oi, eu estou bem aqui na sua frente, mas você insiste em não me ver. Tudo bem, opção sua, cada um enxerga o que quer. O problema é quando você, sem ter idéia de como sou, resolve dar a sua visão sobre mim. Talvez você não se enxergue também, antes de mais nada – e assim me tire por parecida contigo. Errando completamente. Para começar, eu faço questão de ver as pessoas ao meu redor, e isso faz toda a diferença do mundo. Percebo que todos têm algo de especial, estando aí a graça. Percebo belezas que não são minhas, estando aí o prazer.

Percebo inclusive você, parado bem na minha frente, desviando seu olhar para lá e para cá, nervoso com a minha presença, estando aí o ridículo.

Veja bem, não há o que temer em mim. Não quero nada que seja seu. E não sou nada que você também não seja, pelo menos um pouquinho.

Você não precisa gostar de mim para me enxergar, mas precisa me enxergar para não gostar de mim. Ou gostar, e talvez seja exatamente isso que você tema. Embora isso não faça sentido, já que a vida é bela, justamente, quando estamos diante daquilo que gostamos, certo?

Não vou dizer que não me irrita essa sua cegueira específica com relação a mim, pois faço de tudo para ser entendida. Por todos. Sempre esforço-me ao máximo para que isso ocorra, aliás; então, a sua total ignorância a meu respeito, após todo esse tempo, nós dois tão perto, mexe, sim, levemente, com a minha paciência.

Se for essa a sua intenção, porém, mexer com a minha paciência, aviso que anda perdendo sua energia em besteira, pois um mosquito zumbindo em meu ouvido tem um efeito semelhante. E, se me dou ao trabalho de escrever esta carta para você, é porque sei que você também não será capaz de enxergar o que há nela.

Explicando melhor: preferiria que você me esquecesse, mas até para poder esquecer você vai ter que me enxergar. Enquanto não me olhar de frente, ao menos uma vez, ao menos por um segundo, vai continuar assim, para sempre, fugindo sistematicamente da minha imagem – um escravo de mim, em fuga constante, portanto.

Pode abrir os olhos, vai ver que não sou um bicho-de-sete-cabeças. Sou bem diferente de você, como já disse, mas isso é ótimo. Sou melhor que você em algumas coisas, pior que você em outras – acontece. No que eu for pior, pode virar para outro
lado; no que eu for melhor, cogite me admirar. “Olhos nos olhos, quero ver o que você faz... ”Sempre quis cantar isso para alguém. “Olhos nos olhos, quero ver o que você diz...”

Pronto, um sonho realizado. Já estou lucrando com a nossa relação, só falta você. Basta ver o que eu posso lhe mostrar e enxergar o que eu posso ser para você."
" (...) Entretanto, não se deve acreditar que todas as dificulades se atenuem nas mulheres de temperamento ardente.
Ao contrário, podem exasperar-se. A pertubação feminina pode atingir uma intensidade que o homem não conhece. (...) "

(Simone de Beauvoir)
"Cuidado com os seus desejos. Não pelo fato de conseguir o que quer, mas pelo fato de não querer mais, depois de conseguir."
"Sempre tenho a estranha sensação, embora tudo tenha mudado e eu esteja muito bem agora, de que este dia ainda continua o mesmo, como um relógio enguiçado preso no mesmo momento - aquele."

(Caio Fernando Abreu)
"É legal o que acontece quando você para de ser quem você pensa que é, e começa a ser quem você é de verdade."
"E do nada, ficou um resto. Um resto de lembranças. Um resto de saudades. Um resto de sorrisos. Do nada ficou o desejo de ser tudo. Tudo diferente. Tudo para sempre. Do nada ficou a vontade de ser mais. Mais forte. Mais sincero. Mais feliz. Do nada sobrou nós. Que não somos nós. Somos eu e você. Partes separadas de uma história. Uma história que sempre foi minha e que te teve como "participação especial". Uma história feita de retalhos. Do nada hoje sobraram só os retalhos. E eu que não sei de NADA fico com aquilo que sobrou. Retalhos."

(Alinne Lanzarine)
As pessoas suportam tudo, as pessoas às vezes procuram exatamente o que será capaz de doer ainda mais fundo, o verso justo, a música perfeita, o filme exato, punhaladas revirando um talho quase fechado, cada palavra, cada acorde, cada cena, até a dor esgotar-se autofágica, consumida em si mesma, transformada em outra coisa que não saberia dizer qual era.

(Caio Fernando Abreu)
"Estou aprendendo, já evoluí consideravelmente, mas ainda não cheguei ao ponto ideal. Quando eu começo a sofrer antes da hora, lembro das novelas mexicanas. E fico irritada, quero apontar o controle remoto pra mim e mudar de canal.
Menos drama, por favor. Tudo pode ser (e está sendo!) bem mais leve. Mesmo que seja inevitável um sofrimentozinho de vez em quando, vou fazer força para adiar esse momento ao máximo. Quem sabe assim ele se manca e vai embora.
O problema de sofrer antes da hora é que a gente tem coisa melhor para fazer na vida. Se antecipa, fica com mais tempo para se armar e remoer a preocupação. Não sai do lugar e a corrida nem começou. As respostas já vão para a ponta da língua, sem que ninguém ainda tenha feito as perguntas. Preparativos só ajudam em dia de festa. Coisa chata a gente encara na hora H. Antes, não tem por quê."

(Magali Moraes)
Conselho é aquilo que pedimos quando já sabemos a resposta, mas gostaríamos que não fosse aquela.
"Eu sabia que isso mais cedo ou mais tarde viria. Vem sempre depois do tô ótima, melhor que nunca. Vem sempre depois do tô aliviada, melhor assim. E então, quando abafa o grito alegre, abaixa o tudo de bom que sou, recolhe a corrida pelo nem é comigo, chega essa notícia insuportável me lembrando que ficamos pra trás. Deixar a dor vir é como receber o jornal de amanhã com notícias velhas. Essa vontade de ir até uma serralheria de bairro, com cortantes apodrecidos, e pedir: serra eu até eu ficar como ele quer? Serra eu? Tem como me fazer do tamanho que não afasta? Tem como me fazer na medida do que encaixa eternamente? Tem como me fazer sem isso dentro, essa coisa que é a única mas que eu, hoje, por causa dessa atração repentina pela anulação, ou sei lá o quê, não quero mais. Posso abrir mão disso que me mantém viva ou pelo menos me trouxe até aqui? Essa coisa mais forte que tudo e que me diz “se eu não obedecer, nem sobra força de amor pra amar, então que acabe”. Tem como tirar essa minha força motriz, ego desgraçado, sopro de mim mesma me empurrando, o que me fez não sucumbir, o que me nina ainda que seja uma babá malvada, o que me acolhe ainda que seja a bruxa mais terrível. Eu quero embarcar no trem fantasma, então me serra até meus medos e certezas virarem pó de construção. As minhas rebarbas que arranham, tem como refilar? Me faz uma bolinha pequena e lisinha, chuta a bolinha, queria ir parar debaixo da sua cama. Submissa eternamente a sua existência sem furos e passagens e bordas pra carregar. Tem como? Tem como eu me cortar inteira pra montar de um jeito que eu jamais me incomode com esse muito desenfreado que você sente pra de repente não sentir mais nada, nem dúvida? Tem como assoviar e andar feliz mesmo sabendo que você corre antes de esgotar, porque tem pouco aí dentro? Ué, mas não era muito mais que tudo? É infinito ou tão pouquinho que você usa tudo de uma vez pra parecer alguém especial? Tem como sobreviver vendo um espelho tão escancarado e que ao mesmo tempo me deforma? Tem como me fazer nascer de novo, de um jeito que eu só queira você e não o que eu sonho com você? Porque agora, de longe, parece tão fácil. Agora, de longe, se desse, pra te ter por minutos, nossa, eu seria tão feliz. Mas semana passada, gritava dentro de mim, se não fosse pra sempre, se não fossem mil minutos, se não fossem os meus minutos, que eu focasse então em tudo de ruim pra me livrar logo do pouco que ofende ou do egoísmo que bate de frente. Compartilho com você, e nem sei como amadureci tão rápido, da certeza da impossibilidade. Mas sinto sozinha o quanto isso me faz amar você ainda mais. Porque se desse, se eu pudesse, se desse mesmo pra te amar, seria amor e ponto final. Não seria essa coisa que a gente, mais uma e pela última vez compartilhando algo, achamos que é amor. Se existisse no mundo, com suas regras terríveis, uma brecha pra roubar no jogo, se existisse um único vão por onde se escapa do óbvio, se desse mesmo pra passar correndo atrás de Deus e pular no abismo do que queremos porque queremos. Eu escolheria você. Se me dessem um último pedido, eu escolheria você. Se a vida acabasse hoje ou daqui mil anos, eu escolheria você. Eu só não consigo, vejam como essa vida é mesmo uma coisa de deixar qualquer um louco, eu só não consigo escolher você da maneira mais fácil e particular, que é tendo você. Que é sendo você. Mas se eu virar, se eu virasse, esse pó de serra, se eu virasse argila, se eu pudesse ser esculpida por você, o que você faria de mim? Eu queria, eu queria triturar o que sou pra ficar quieta e olhar você. Eu queria calar ou matar essa coisa toda que sou e diz disso sem parar, pra só te ver ou ser pra você. Mas se você soubesse, como foi duro, resgatar tudo e colar ao meu modo, nesses mil anos, pra agora, assim, sem eu nem saber, me assoprar por você. Entende? Porque eu te juro, de todas as coisas do mundo, eu só queria olhar pra você. Ainda que andar cega me deixe daquele jeito e ainda que você jamais vá guiar alguém na escuridão. Seu medo de andar no escuro ou ser necessário. E então vem a merda toda. Eu preciso correr pra ficar em pé, e então corro, e corro, e de pé estou. E de pé, agora, olhando tudo. Também não era isso."

(Tati Bernardi)
"Hoje acordei num surto de amor-próprio. Daqueles em que inacreditavelmente sentimos que tudo está em sua perfeita ordem. Daqueles em que a gente olha em volta e diz para si mesmo: nada precisa mudar.

Não sei se foi o café na cama – pão com manteiga na chapa, coca-zero e bolo de chocolate – ou o que procedeu o café...

Não sei se foi a carta da amiga no meio da semana explicando: ei, você é linda!

...

Sei que de alguma maneira me vi salva de um possível afogamento.

Quando este tipo de surto acontece, as coisas sem sentido ou explicação perdem a importância. Freud, se bem me lembro, chama isso de sublimação. Por isso sempre preferi Sartre... Ele chamaria de transcendência!

Quando esse tipo de surto acontece nada é capaz de nos arrancar o gozo de rirmos de nossas trapalhadas e quedas.

E somente quando conseguimos rir de nossos tropeços acordamos para dentro... E é quando acordamos para dentro que entendemos que a queda em si contém a ressurreição."

(Mônica Montone)
"Solidão é uma ilha com saudade do barco. Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue. Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo. Autorização é quando a coisa é tão importante que só dizer "eu deixo" é pouco. Pouco é menos da metade. Muito é quando os dedos da mão não são suficientes. Desespero são dez milhões de fogareiros acesos dentro de sua cabeça. Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego. Agonia é quando o maestro de você se perde completamente. Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento. Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que devia querer outra coisa. Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára. Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido. Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista. Renúncia é um não que não queria ser ele. Sucesso é quando você faz o que sempre fez só que todo mundo percebe. Vaidade é um espelho onisciente, onipotente e onipresente. Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora. Orgulho é uma guarita entre você e o da frente. Ansiedade é quando sempre faltam 5 minutos para o que quer que seja. Indiferença é quando os minutos não se interessam por nada em especial. Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento. Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado. Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes. Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração. Alegria é um bloco de Carnaval que não liga se não é Fevereiro... Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma. Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros. Decepção é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho. Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia. Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia. Perdão é quando o Natal acontece em outra época do ano. Desculpa é uma palavra que pretende ser um beijo. Excitação é quando os beijos estão desatinados pra sair de sua boca depressa. Desatino é um desataque de prudência. Prudência é um buraco de fechadura na porta do tempo. Lucidez é um acesso de loucura ao contrário. Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato. Emoção é um tango que ainda não foi feito. Ainda é quando a vontade está no meio do caminho. Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele. Desejo é uma boca com sede. Paixão é quando apesar da palavra "perigo" o desejo chega e entra. Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado. Não. Amor é um exagero... Também não. É um "desadoro"... Uma batelada? Um exame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego? Talvez porque não tivesse sentido, talvez porque não houvesse explicação, esse negócio de amor não sei explicar."

(Adriana Falcão)
"Palavras não descrevem os olhos, as bocas, os braços e abraços, nem a alegria até então desconhecida, surgida de um (re) encontro. Pra quem, há dias atrás, refletia tanto as obras do acaso, hoje compreende que realmente, o acaso não passa de um simples nada, e acredita em algo bem maior que isso. Que levará à um próximo reencontro, sem sombra de dúvidas. Mas até lá, todas as músicas cantadas estarão na mente, todos os sorrisos que ainda não acreditavam no que estava acontecendo, todos os olhares que transpareciam toda a mágia do momento"
"Não que eu seja uma cidadã vivida. Pelo contrário. Minhas experiências não resultaram em aprendizado nenhum. Continuo entrando em roubadas. Me dando mal em finais infelizes. Fazendo grandes investimentos em pequenas pessoas. Sei que isso acontece com todo mundo. Mas acho que comigo já deu. Sou pouco tolerante.

Tolero falta de grana. Tolero desemprego. Tolero ciúme. Tolero chatice. Tolero amigos chatos. Tolero futebol 57 vezes por semana. Tolero boteco com os amigos. Tolero amigas bonitas e peitudas. Tolero até homem bêbado. Mas certas coisas não descem mesmo. Não tolero falta de caráter. Não tolero mentira. Não tolero enrolação. Não tolero conversa pra boi dormir. Por um único motivo: detesto me sentir feita de idiota.

Nunca me iludi com palavras bonitas. Com frases bem formuladas. Com presentes bacanas. Sou pé-no-chão.... Nunca troquei minha companhia pela conta do restaurante. Nunca acreditei em pessoas que falam bonito. Nunca aceitei champanhe de estranho. Nunca precisei disso. Nunca precisei de um namorado pra me auto-afirmar. Pelo contrário. Vivo bem comigo mesma.
Não gosto de dar conselhos. Não gosto quando as pessoas tentam se meter na minha vida com soluções mágicas. Acredito mesmo que a gente só aprende – ou não – dando cabeçadas na vida. Que a gente só aprende com as próprias experiências. Acredito também que quanto mais a gente vive, menos tolerante se torna. Acredito que as atitudes contam muito mais do que as palavras. Acredito que cidadãos que bancam os bons moços têm muito mais chances de te decepcionar. Acredito que mentira tem perna curta, como dizia minha avó. Acredito que a gente deve conhecer uma pessoa antes de se apaixonar (e não o contrário). Acredito que tudo que vem rápido demais vai embora com a mesma velocidade. Acredito que a gente só tem uma chance na vida de fazer uma grande merda. Acredito que perder a confiança é como quebrar um vaso: você pode até conseguir colar, mas vai ser sempre um vaso colado. Acredito em duendes, gnomos e em papai-noel. Mas não acredito em algumas pessoas. Não mais. Duvido até de mim mesma agora."

(Brena Braz)
"Há dois lobos que brigam pelo coração do homem, um deles é o amor e o outro o ódio. Qual vence? Aquele que voçê alimenta mais..."

(in Desbravadores)
"Um dia tu vais compreender que não existe nenhuma pessoa totalmente má, nenhuma pessoa completamente boa. Tu vais ver que todos nós somos apenas humanos e sofrerás muito quando resolveres dizer só aquilo que pensas e fazer só aquilo que gostas. Ai sim, todos te virarão as costas e te acharão mau por não quereres entrar na ciranda deles, compreendes?"

(Caio Fernando Abreu)
"O ontem é uma pulga na orelha que coça até formar ferida. Eu deveria, poderia. Eu faria, queria. É ruim olhar para trás e perceber que a gente faria diferente. E acredite: sempre que olhamos para trás, por melhor que a coisa tenha sido conduzida, achamos que podia ter ficado melhor. Pelo menos os perfeccionistas são assim, ou seja, eu...

Olhando para o passado me dou conta que não precisava ter me estressado tanto com coisas inúteis. Sempre tive quem me explicasse isso. Minha mãe, apesar de ser extremamente estressada, me diz quase diariamente que eu arrumo problemas. Eu arrumo mesmo, assumidamente. Quando a minha vida está free, trânsito livre, eu invento um congestionamento. Buzinas tocam sem parar, gente mal educada coloca a cabeça para fora da janela e fala obscenidades. Eu podia ter sido menos impulsiva, menos dramática, menos emotiva, menos chorona, menos infantil, menos preguiçosa. Eu podia ter pecado menos. Podia ter deixado para trás todo o lema da sociedade absurda em que vivemos: tem-que-ser-tem-que-ter-tem-que-fazer. As pessoas fazem sem vontade. E eu gosto é de saborear a vida.

A gente tem que rir. Tem que ir. Tem que maneirar o palavrão. Tem que sentar de perna fechada quando tá de saia. Tem que falar baixo em hospitais, restaurantes, cinema, no meio da rua. Tem que rir baixo. Tem que acertar. Tem que escrever texto bonito. Tem que fazer um bom título. Tem que ser amiga. Tem que estar disposta. Tem que ser boa filha. Tem que ser boa irmã. Tem que engolir sapos. Tem que ser uma boa namorada. Tem que levantar todo dia cedo. Tem que arrumar a casa. Tem que fazer escova. Tem que dar bom dia. Tem que atender o telefone. Tem que levar o cachorro para passear. Tem que levar o filho para a escolinha. Tem que fazer o almoço. Tem que limpar os vidros. Tem que mandar o carro para lavar. Tem que conversar com o vizinho no elevador. Tem que ir ao supermercado. Tem que ir ao banco. Tem que fazer as unhas. Tem que ir ao médico. Tem que fazer exames. Tem que se alimentar direito. Tem que passar protetor solar. Tem que tentar seguir os 10 mandamentos. Tem que cometer menos pecados capitais. Tem que... porra, a gente tem que ser boa em tudo!..."

(Clarissa Corrêa)
"E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.

Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.

E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?

Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.

Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.

A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo."

(Rubem Braga)
"Renunciar a algo que amamos muito e que desejamos com toda a força do coração é uma das decisões mais cruéis de se tomar que conheço. Porque a perda equivale a uma morte dupla: morrer para alguém e matar a pessoa na gente. É como se sobrasse por dentro apenas um casarão vazio com um jardim morto. E, de repente, tudo tão subitamente anoitecido sem previsões de dia novo. É um caminhar lento e arrastado numa espera sombria de que as horas passem e o tempo leve essa febre alta sem medicação possível. É preciso que haja tanta paciência e firmeza por dentro pra não entrar em desespero, que a sensação que se tem é de estar meio fora do ar, com tanto esforço. E até chorar fica difícil, teme-se que nunca mais o choro cesse.
Há muitas perdas quando se termina algo que não se queria ter terminado: muda-se a auto-imagem, alegrias ficam suspensas, sonhos desaparecem por um tempo e nenhuma cor na paisagem. O cotidiano fica obscurecido por aquela lacuna aberta no meio do que era a parte mais interessante dos dias.
Com o tempo, você analisa que abrir mão de algo muito importante, só se faz quando se tem um motivo maior que esse algo: seja um propósito, uma crença, um valor íntimo, uma obstinação qualquer que te oriente para essa escolha que já se sabia tão dolorosa. É um sacrifico voluntário por algo mais pleno, mais grandioso em Beleza. E, nestas análises, você descobre outras perdas que são positivas: perde-se também a ansiedade, a insegurança e a ilusão. E você aprende a recomeçar agradecendo por vitórias tão pequenininhas...
Como quando é noite e antes de dormir você se enche de gratidão:

“Deus, obrigada, porque é noite e eu tenho o sono... Que venha um sonho novo, então.” "
 
(Marla de Queiros)
"Sou uma mulher de gostos e versos. Um pouco ladra, eu diria. Roubo histórias, bordo palavras, costuro sonhos, desato pensamentos. Coisas de quem escreve, encare assim. Quem fica ao meu redor tem que entender que, vez em sempre, algo será tomado para e por mim, sem dó. Me aproprio indevidamente de vidas e falas. Não leve a mal se por ventura algum dia o seu sossego for passear junto comigo. E se por acaso a insônia se tornar a sua melhor amiga, admita que eu venci. Gosto de esfregar na cara do suposto adversário as minhas vitórias. Em certas ocasiões o mais digno é engolir tudo elegantemente.

Se você for um pouco inteligente ficará ao meu lado e se me for permitido lhe dar um conselho, anote aí: é melhor para a sua saúde que você permaneça coladinho em mim. Posso não estar certa sempre, mas o meu Dom do Convencimento nunca entra em férias. Não sei nenhuma luta marcial, mas defendo os meus com garras, olhos e a minha principal arma: a palavra. Se nada der certo dou um golpe que pertence ao Clube Internacional das Mulheres Ninjas e Cheias de Peito e aí, meu filho, quero ver quem resiste para contar essa história na próxima semana.

Já preenchi o Cadastro Nacional De Pedido Interno Para A Próxima Encarnação (Série P, porque a Série A é para Animais), era uma espécie de formulário cheio de perguntas no melhor estilo o-que-você-faz-da-vida-quantos-televisores-possui-qual-o-estado-civil-quantas-maldades-já-fez-é-lipoaspirada-já-matou-formigas-no-quintal-quantos-velhinhos-ajudou-no-meio-da-rua. O envelope do formulário - sim, ele era envelopado e tudo, amiga - era daqueles de levantar a pingolinha e passar a língua - epa, leve conotação sexual no ato - para colar. Ui. E na língua fica aquele gosto a cola. Língua colada. Piña colada. Na próxima encarnação quero vir vestida de euzinha mesma, de novo. Explico: não basta uma vida para eu entender. O mundo e a mim. Eu não consigo caber em mim, simplesmente não consigo.

Gostaria muito de entender quem não se importa e somente vive sem se preocupar com o resto. O resto é a gente mesmo, as nossas muitas formas de ser. Porque você não tem apenas uma maneira, pode ter uma essência, mas todos os dias se descobre novo. Nem sempre limpo, mas novo. Sou um poço de questionamentos, não aquieto nem dou trégua. Eu sei que sempre vai faltar, para uma pessoa que nem eu, alguma coisa sempre vai faltar. Nem sempre vou saber o que é, mas sei que vai, sempre vai e eu entendo e me rendo e digo que tudo bem, vou aceitar. Só queria, pelo menos hoje, achar que tudo está completo e que nada precisa ser respondido ou perguntado. Queria ser como os outros, pelo menos por uma meia hora. É que ser eu todo dia cansa e confunde, talvez a solução seja chamar o Roberto Justos, quem sabe assim ele me demite? O problema é que, mesmo demitida, ainda serei eu. É por isso que eu disse: muitas encarnações serão necessárias para que eu finalmente entenda. Ou que compreenda que não há nada para ser entendido, está tudo bem na minha frente."

(Clarissa Corrêa)
"Entre a minha casa e a tua,
Há uma ponte de estrelas.
Uma ponte de silêncios."
 
(Mário Quintana)
"Magnífica estupidez se você disse não aos seus sonhos, planos e vontades. Até onde vai seu compromisso com a loucura?"
"Se você não conta a verdade sobre si mesmo, não pode contar a verdade sobre as outras pessoas."

(Virginia Woolf)
"Perdi o gosto bom das coisas, ela disse no começo da manhã. Fiquei pouco atônita, pouco pensativa, como assim? Perdi, ela disse. No final do dia, depois de horas de trabalho, alguma desilusão, dor nas costas por passar mais de oito horas sentada, o corpo doido por uma água morna, os pés implorando uma pantufa cheia de aconchego, a barriga pedindo por favor uma comida boa e honesta, o coração pulando em busca de um porto, eu entendo. Entendo o gosto dilacerado ou perdido ao longo do dia. Mas uma manhã como essa, pura e nova e fresca e tão azul, de um azul bonito e quente, um azul vivo e limpo, não sei.

O dia em que você perder tudo, vai saber. Foi isso que ela me falou antes de girar os calcanhares e sair pela porta, cabeça baixa procurando formigas nos cantinhos do corredor da sala, peito arranhado, olhar cheio de lodo e interrogações. Minha razão deu um suspiro imenso ao ver a cena. Perder tudo, mas o que é tudo? Lar, família, trabalho, amigos, vontades? Não. Ela estava se referindo aos sentimentos nobres, pensei. Mulher quando perde o gosto bom sei bem o que é: desilusão. O que dói em geral nem é a perda da pessoa em si, mas da imagem que a gente fazia da tal pessoa. Vira um tumulto emotivo, nossas inquietações cutucam e provocam.

Ruim mesmo é um dia a gente perceber que amou e gostou e quis sozinho. O outro era apenas um reflexo das nossas aspirações. O outro, no fim, existia apenas dentro de nós. É por isso que o tempo faz com que todas as lembranças sejam boas, doces. E deve ser por isso que quando a gente finalmente desperta acaba perdendo o gosto bom das coisas."

(Clarissa Corrêa)
"Ela é complexa, angustiante, subjetiva e intensa. Ela, a pior vontade de viver. A que não está disposta a negociar com a vontade dos outros. Todos são tão compreensivos, aceitam tão bem suas escolhas, torcem por tudo o que você faz, não é mesmo? Desde que você faça o que está no script. Que siga o que foi determinado no roteiro, aquele que foi escrito sabe-se lá por quem e homologado no instante mesmo em que você nasceu. Mas e quem não quiser seguir este script?

Clarice Lispector, que entendia de subversões emocionais... Descreveu, certa vez, o sentimento de um personagem: "Seu coração enchera-se com a pior vontade de viver". Ela é complexa, angustiante, subjetiva e intensa. Ela, a pior vontade de viver. A que não está disposta a negociar com a vontade dos outros. No entanto, esta que foi chamada de a "pior" vontade pode ser também uma vontade genuína e inocente. É a vontade da criança que ainda levamos dentro, entranhada. É o desejo de açúcar, de traquinagem, de fazer algo escondido, de quebrar algumas regras, de imitar os adultos. A "pior" vontade é curiosa, quer observar pelo buraco da fechadura e depois, mais ousadamente, abrir a porta e entrar no quarto proibido. A "pior" vontade é a de não se enraizar, não assinar contrato de exclusividade, não firmar compromisso, não render-se às vontades fixas, apenas às vontades momentâneas, porque as fixas correm o risco de deixar de serem vontade para se transformarem em vaidade - como se sabe, há sempre aqueles que se envaidecem da própria persistência. A "pior" vontade não quer ganhar medalha de honra ao mérito, não quer posar para fotografias, não quer completar bodas de ouro nem ser jubilada. A "pior" vontade não faz a menor questão de ser percebida, ela quer ser realizada. É quando você sabe que não deveria, mas vai. Sabe que não será fácil, mas enfrenta. Sabe que tomarão como agressão, mas arrisca. Anote: apenas sentem-se agredidos aqueles que te invejam. A vontade oficial, a vontade santinha, a que não causa incômodo é a outra, a aprovada pela sociedade, a que não leva em conta o que vai no seu íntimo, e sim a opinião pública. É a vontade que todos nós, de certa forma, temos de mostrar para os outros que somos felizes, sem saber que para conseguir isso é preciso, antes, ter a "pior" vontade, aquela que faz você descobrir que ser feliz é ter consciência do efêmero, é saber-se capaz de agarrar o instante, é lidar bem com o que não é definitivo - ou seja, tudo. É com esta "pior" vontade de viver que você atrai os outros, que seu magnetismo cresce, que seu rosto rejuvenesce e que você fica mais interessante.

É uma pena que nem todos tenham a sorte de deixar vir à tona esta que Clarice Lispector chamou de a pior vontade de viver, que, secretamente, é a melhor."

(Martha Medeiros)
"Eu poderia escrever uma carta e rabiscar um coração, mas há vento demais num á de suspiro. Então, guardo o suspiro na boca, preso por dentes e, quando não mais agüento, assopro bolinhas de sabão."

(Rita Apoena)
"Gosto de gente de verdade. Se você não consegue ser, por favor, não perca o seu tempo comigo. Sempre fui de me dar assim, refazendo verbos, iniciando frases, completando palavras. E quando alguma coisa falta, tudo bem, existe abraço que fala, olhar que entende, sorriso que é cúmplice. A gente precisa perder a mania de complicar as coisas. Sei que escrever é bonito e viver às vezes dá um trabalhão. Me complico também, não pense que não. Mas sou toda de verdade, entende? Por mais que saia da boca alguma coisa com um quê de inverdade, os olhos nunca traem o que faz meu coração bater ou ficar mudo. E ele perde a voz muitas vezes. Ou fica rouco. Louco. Coração, você sabe, é um pouco temperamental e difícil de conviver, ainda mais o meu.

O que eu peço é que você seja sempre de verdade também. Que me queira assim, imperfeita e cheia de confusões. Que saiba os momentos em que eu preciso de uma mão passando entre os fios de cabelo. Que perceba que às vezes tudo o que eu preciso é do silêncio e do barulho da nossa respiração. Que veja que eu me esforço de um jeito nem sempre certo. Que veja lá na frente uma estrada, inteiramente nossa, cheia de opções e curvas. E que aceite que buracos sempre terão. O que eu peço é que você me veja de verdade. Que não queira a melhor mulher do mundo. Que você olhe dentro de mim e veja o que eu sou, com meus momentos de sabedoria, esperteza, alienação e ingenuidade, porque eu nunca vou saber tudo. E entenda que de vez em quando faço questão de não saber nada. Que você note que eu faço o melhor de mim e vezenquando desconheço o que eu realmente posso ser. Peço que você tenha paciência grátis e um colo que não faça feriadão. Que me ensine mais, a cada dia, o meu. E o seu.

Ouvi falar que algumas coisas, quando são muito ditas, acabam perdendo o sentido que deveriam ter. É aquela velha história do tempo. Vamos dar um tempo. Se o casal resolve dar um tempo sempre o bendito tempo acaba perdendo o seu valor. Eu quero que o tempo nos dê todo o tempo do mundo, só assim poderemos nos descobrir mais e mais vezes. Porque tudo é uma constante descoberta, por mais que já pareça o suficiente. Tem a outra velha história do terminar. Uma briga e ah, vamos terminar. Outra briga e está tudo terminado. O terminar perde o sentido e uma briga tola se transforma em fim. Ainda bem que fim nunca tivemos e que o terminar não existe no nosso vocabulário. Nada disso se aplica no nosso caso, a não ser o eu te amo. Dizem que quando o eu te amo é muito dito ele não vira mais um eu te amo, passa a ser um bom dia ou um oi, tudo bem? Isso me preocupou, logo que eu soube, porque a gente diz muito e sempre. Eu te amo, eu te amo, eu te amo. É que amores grandes assim não cabem dentro do peito, precisam de espaço. Saem pela boca, dedos, olhos. E quer saber? Quem diz isso não deve amar assim não. Porque quando a gente ama não se guarda."
 
(Clarissa Corrêa)
"Ela é uma menina que gosta de verde e rosas vermelhas. Menina de poses delicadas, olhar misterioso, sorriso fácil. Ela é uma heroína. Ela tem cara de menina mimada, uma pinta encantada, um quê de magia, uma sensibilidade de flor, um jeito encantado de ser, um toque de intuição e um tom de doçura. Ela reflete cor, um brilho de estrela, uma inquietude, uma solidão de poetiza e um ar sensato de cientista. Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo, de querer por completo e de ser por completo. Dentro dela tem um coração bobo, que foi capaz de me amar e de ser curiosa. Ela tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher segura."
 
(B. Bernardo)
"É sempre na falta que vivo. É sempre em cima da altura que não tenho que olho o mundo. É das coisas que eu não sei que falo melhor. É dos sentimentos que eu não poderia sentir que me abasteço pra ser alguma coisa além do que me faz mais uma. É da incapacidade de ser mais uma que me agarro, pra poder participar de algo e esquecer como é maluco tudo isso. É na alegria extremada que sinto o tamanho do sofrimento que posso aturar."
 
(Tati Bernardi)
"No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!"

(Mario Quintana)
"O amor em caixas
(aonde foi que perdi meu sapatinho?)

Das duas, uma. Ou você tem namorado (a), amante, parceiro (a); ou está sozinha. A sociedade prega que as pessoas vivam em pares. Isso não é de hoje. Mas eu gostaria de dizer que sinto uma imensa preguiça desse papo. Papo furado de quem leu muito “Romeu e Julieta”. Eu acredito no amor. Não como uma salvação. Mas como um prêmio de quem consegue se achar. E se conhecer. Não acho que a felicidade do outro esteja única-e-exclusivamente em alguém. Longe disso. O que eu vejo muitas vezes são pessoas desesperadas para encontrar alguém. Mulheres lindas e inteligentes que acreditam que são menos por não serem dois. Fico triste com tudo isso. Muita gente casa sem querer. Namora sem saber os sonhos de quem dorme ao seu lado. As pessoas banalizam o amor e o colocam em pacotes. Com laços de fita e tudo. Muito chique. Da Trousseau.


(O que eu acho é que o mundo precisa de pessoas apaixonadas. Por elas mesmas.)"

(Fernanda Mello)
"Quero que você nunca perca de vista a música da sua existência, e que me prometa ter entendido que a felicidade não é um destino, mas a viagem. E que, por isso, teremos sido felizes pelos vários domingos na cama e pelos sonhos que comparilhamos enquanto olhávamos a lua. Que você acredite que não me deve nada simplesmente porque os amores mais puros não entendem dívida, nem mágoa, nem arrependimento. Então, que não se arrependa. Da gente. Do que fomos. De tudo o que vivemos. Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos. Que termine com a sensação de ter me degustado por completo, mas como quem sai da mesa antes da sobremesa: com a impressão que poderia ter se fartado um pouco mais. E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida. Que você nunca mais deixe de pensar em mim quando escutar "Everybody Hurts ou ler Clarice Lispector." E, por fim, que você continue a dançar na sala. Para sempre. Mesmo quando eu não estiver mais olhando."

(Milly Lacombe)
"Eu sei que alguns dias são especialmente confusos. Por mais que alguém fale olha-é-assim a gente simplesmente não entende. Ainda mais uma criatura questionadora como eu. Por quê? Não me conformo com um é-assim-e-deu. Deve ser por isso que eu nunca engolia quando me diziam, no auge dos meus quatro anos, o famoso porque não. Posso brincar na rua, mãe? Não. Por quê? Porque não. Porque-não-não-é-resposta, ora. Nunca foi e não é justamente hoje que vai ser.

Ainda bem que algumas coisas salvam a gente. Sabe, sempre tem algo que salva a gente. E se não tiver, invente. A minha regra é clara: volta e meia preciso fugir do mundo real, não por maluquice ou coisa parecida, é por pura sobrevivência. Tem gente que faz tipo, eu invento coisas para poder rir de mim. Pode soar um tanto esquisito, mas em situações de perigo, tente. E depois me diga se deu algum resultado.

Talvez eu queira demais. Não só de mim, entende? Dos outros também. Espero que descubram, por trás dos meus disfarces, toda a coisa. Porque as nossas angústias usam máscaras. E eu tenho uma mania de ser valente, dá até medo. O mundo entra na mochila e ela fica mais pesada que rocha. Aí brinco de tartaruga e quero levar tudo dentro. Nem eu me seguro, ora. Não sei porque insisto. Às vezes não dá, tenho que aceitar isso. Não é vergonhoso, nem fraco, é que não dá. Porque não. Mas, você sabe, não aceito essas respostas.

De repente tenho que passar pelo Processo De Engolimento De Aceitações. Dizem que acontece nas melhores famílias. Eu tô pagando pra ver. É que dá um misto de tristeza com outro sentimento parecido, acho que nem você vai saber direito. Espero que entendam o real motivo dos meus silêncios, que decifrem aquele riso meio forçado, que compreendam o que quer dizer a Desviada Brusca De Olhar (se eu desvio o olhar em seguida, aí tem, vai por mim!) ou a vontade de sair correndo. Acho que ele tinha razão. Aquele tom de voz cheio de vida avisou que alguma coisa sempre vai me faltar, por mais que eu vença e ganhe troféus. Sou uma mulher cheia de faltas, com a alma criança (disseram que tenho olhos infantis para ver o mundo, uma alma nova, pois parece que sempre vejo tudo pela primeira vez, com aquele ar de conhecimento). Melancolicamente bonito isso. Talvez a minha vida seja para ser cheia de reticências. Ainda bem, assim ela pode ser completada do jeito que eu bem entender."
"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás de passar para atravessar o rio da vida. Ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem número, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio, mas isso te custaria a tua própria pessoa: tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Aonde leva? Não perguntes, segue-o!"

(Nietzsche)
"Todas as palavras tomadas literalmente são falsas. A verdade mora no silêncio que existe em volta das palavras. Prestar atenção ao que não foi dito, ler as entrelinhas. A atenção flutua: toca as palavras sem ser por elas enfeitiçada. Cuidado com a sedução da clareza! Cuidado com o engano do óbvio!"

(Rubem Alves)
"Perdeu a graça. A vida inteira foi assim, é claro que tudo mudava de acordo com a fase ou o humor. Mudava com o que direta ou indiretamente influenciava. Sempre quis dar conselho, ombro, abraço, sorriso e patadas (é que você tem que incluir as disfunções e funções femininas no calendário. Uma patadinha aqui e ali, troca de ferraduras e muitos outros eteceteras). Mas perdeu a graça ser uma pessoa com tanto plural dentro.

Eu penso no outro, sou daquelas que se coloca no lugar. Por causa disso, às vezes perco o meu - ou alguém rouba sem a menor vergonha na face. Os plurais têm me enlouquecido. Muito, muito, muito, tanto, tanto, tanto. Eu e meus excessos excessivamente gigantes. Acho que nunca vivi um diazinho sequer no singular. Mesmo que eu aparente, ah, meu amigo, você não sabe o que se passa aqui dentro.

Você e sua cara de perguntas. O que há, o que há. Nada. Mulher é triste. A gente fala, avisa, escreve cartaz, prende faixa, vomita palavras. Ninguém acredita, hein, como assim? Um dia a gente muda, tudo muda, não é mesmo? Não por falta disso ou aquilo, mas porque, poxa, me ouve. Sente o que eu falo, dá bola, te importa, fala sobre o assunto, escreve sobre o assunto, grita sobre o assunto, porra! Não deixa passar, é que uma hora, de tanto passar, passa, entende? Passa e não volta. E fica ali naquele lugar aquela coisa que aconteceu e não aconteceu. Que machucou mas a gente fica fingindo que nem doeu. Não volta, nada volta. Pelo contrário, o tempo só anda pra frente. E daí, de repente, você nem percebe que um dia aquilo machucou e a gente fingiu que nem doeu.

Quem é plural que nem eu se dá muito. Pensamento, atenção, carinho, respeito, delicadeza. Quem é singular não entende o pacote de coisas. Mais do que isso: o singular não sabe se dar direito. Fica aquela interrogação. Cadê a atenção, o tempo, a palavra doce no ouvido, o telegrama não esperado? Cadê tudo? O plural, por ser tanto e tanto e tanto, acaba se sentindo encolhido e diminuído. E vai murchando. Uma flor, no começo, é colorida, firme, chama a atenção, é perfumada. Com o passar dos dias ela murcha, perde a cor, vai broxando. Uma hora você precisa jogar a flor no lixo. Ela morre, um dia morre, assim como a gente, assim como (dizem) os sentimentos mais lindos do mundo. Eu acredito em sentimento pra sempre, pra tudo, pra muito, pra pra pra. Porque acredito em sentimento, em coisa eterna, no blablablá de velhice lado a lado. Me desculpa, eu acredito. Pode ser tosquice, breguice, caretice, poxa, me deixa com a minha esquisitice. Se você coloca água na flor, protege do sol e cuida, ela dura mais tempo. Ela dura o tempo que você quiser, desde que queira.

Sabe, eu sou plural, descobri. Já nasci querendo dar. Só tenho que lembrar que de tanto dar a gente pode acabar de mãos vazias."
"Tem dias que dá preguiça mesmo de viver. A gente olha pra própria vidinha mais ou menos e se pergunta: o que, diabos, eu estou fazendo aqui? A resposta, a gente não consegue dar. Mas tem dias que simplesmente não dá. Não dá pra acreditar no futuro, no presente e desconfiamos até mesmo do passado. Tem horas que a gente parece estar no meio de um pesadelo (ou no meio de um sonho bom que nunca vai se realizar). Tem dias que não dá pra acreditar que a Xuxa usa hidratante Monange, que a Gisele Bündchen usa Pantene e que a Carolina Dieckmann tem dentes sensíveis. Chega uma hora que a realidade te espreme num canto, te dá um tapa na cara e te pergunta: o que é que você está fazendo aqui?

Não sei. Não sabemos. Procuramos pistas na ciência, na fé e na religião. Criamos Deus e deuses pra explicar o inexplicável. Buscamos pistas de que estamos no caminho certo ou, pelo menos, no melhor caminho. Acreditamos nos sinais, no destino e na contradição deles. Entendemos um pé-na-bunda como um sinal de que era pra ser assim. Entendemos um re-encontro como um plano traçado pelo destino. E assim vamos mexendo as peças de um jogo louco e sem explicação.

Aonde queremos chegar fazendo o que fazemos, sendo quem somos, acreditando no que acreditamos? E, afinal, quem somos? Em que acreditamos, se não acreditamos em nós mesmos? Desconstruímos sonhos ou os arremessamos ao acaso. Desacreditamos da sorte, do acaso ou do destino. Despedaçamos nossa auto-estima, nossa confiança na própria fé. Insultamos Deus e o diabo.

E assim, seguimos à própria sorte. Mandamos e desmandamos na nossa vida. A vida manda e desmanda na nossa sorte. Procuramos refúgio nos nossos vícios ocultos, ainda que esses vícios sejam academia e solidão. Fugimos do mundo pra fugir de nós mesmos. Fugimos de nós mesmos para fugir do mundo. Tem dias que simplesmente não dá. Não dá pra rir de piada sem graça, não dá pra agüentar a chatice alheia (já basta a nossa própria), não dá pra gostar de comer rúcula (quem inventou essa porra?). Chamem de TPM, de crise existencial ou o diabo. Tem dias que só uma enorme barra de chocolte com ovomaltine te entende. Desculpa, mas tem dias que não dá pra brincar de faz-de-conta. Não posso. Hoje, não."

(Brena Braz)
"Você cuida tanto do seu corpo e do seu rosto que esquece do resto. Esse resto é você. Você arruma tanto as almofadas do seu sofá, nada pode ficar fora do lugar: nem as almofadas, nem os seus fios dourados, chega a ser patológico. Algo de muito grave acontece aí dentro de você. Eu sei, minha amiga, te entendo: não há como limpar o coração, fazer lifting nas emoções, implante nos sentimentos e redução nas frustrações. A medicina estética não evoluiu o suficiente.
A memória enferruja por falta de uso. Ou por excesso de vaidade. Lipoaspiração não tem prazo de validade, sentimentos sim. E é disso que você tem medo. Tem gente que faz lipo, eu faço poemas.

PS. Meu ministério adverte: estrias na alma, celulite no amor, rugas no coração fazem mal para a saúde."

(Clarissa Corrêa)
"Me dei, me dei... Mudei. E você, o quê? Fiz tudo, te dei o meu mundo. E você o quê? Joguei, lutei, arrisquei, amei! Gostei, um amor maior: impossível. E você o quê? Ultrapassei meu íntimo. Fechei meus olhos, os olhos da alma. Decidi ignorar meus padrões. Ocultei minhas raivas, algumas vezes não deu, disfarcei meus ciúmes, amaciei minhas mágoas. Sua voz me tranqüilizara, teu sexo me domava. Fiz como pude e como não pude. Do seu jeito fui levando, algumas vezes amor próprio me faltou, mas eu só queria seu amor. Por inúmeras vezes te amava mais do que o tudo. E pergunto: E você? O quê? Armei sua lona, fiz seu circo , pintei seu mundo. Fiz de você meu primeiro. Usei suas cores, anulei as minhas. Aceitei suas verdades intactas, anulei as minhas. E você amor? O quê? O quê você fez? Despedacei meu ego, levantei nossa bandeira me julguei egoísta, fui contra a seu favor. Chorei, chorei, chorei até faltar vazio em mim. Fui no fundo, no profundo do meu âmago. Pra merecer teus carinhos, teus gemidos, tua língua, teu prazer, teu sorriso, tua atenção, teu apreço. Pra me sentir mulher, me fiz criança. Fiz pirraça, cena, novela. Decorei um texto pra nada dar errado. Abri a mente, fiz preces, fantasiei um mundo. Amei teu corpo, teu jeito, teu cheiro,tua sombra, abri meu peito acreditei na gente. Desconfiei muito, mas confiei demais. E você amor? O quê? Ouviu minha canção? Abriu o peito? Cortou seus cabelos? Trocou de canal? Falou "aquela" frase? Fez planos pra mim? Escolheu um filme pra nós dois? Foi minha companhia para todos os momentos? Foi a um show? Usou "aquela" blusa? Amou-me de verdade? Pensou em mim? No que construímos? No que alcançamos? Tudo um dia tem fim. Tudo na vida tem volta. Tranqüilo você pode ficar, riscos de amar sem ser amado, você não há de correr não. Amor de verdade você não sabe diferenciar. Dizer que vou ser feliz agora? Quem sabe? Dizer que você vai se dar bem? Tomara! Aprendizados são pra vida toda, mas amor unilateral na vida da gente uma só vez é suficiente."

(Tati Bernardi)
"Ele não sabe mais nada sobre mim. Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos, mas que tenho estado quieta, calada, concentrada numa vida prática e sem aquela necessidade toda de ser amada. Ele não sabe quantos livros puder ler em algumas semanas. Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos. Ele não sabe que a cada dia eu penso menos nele, mas que conservo alguma curiosidade em saber se o seu coração está mais tranqüilo, se seu cabelo mudou, se o seu olhar continua inquieto. Ele nem imagina quanta coisa pude planejar durante esses dias todos e como me isolei pra tentar organizar todos os meus projetos. Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa. Que tenho sentido mais sono e ainda assim, dormido pouco. Que tenho escrito mais no meu caderno de sonhos. Que aqui faz tanto frio, ele não sabe por mim. Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre. Ele não sabe que eu entendi que se eu resolver a minha dor, ainda assim, poderei criar através da dor alheia sem precisar sofrer junto pra conceber um poema de cura. Hoje foi um dia em que percebi quanta coisa em mim mudou e ele não sabe sobre nada disso. Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria."

(Marla de Queiroz)
♪ "Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

Olhos nos olhos, quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz" ♪

(Chico Buarque)
"Sempre me achei diferente de todos. Não, eu não me sentia mais especial que o resto da humanidade. Me sinto diferente porque sempre senti diferente. Falo de intensidade e sensibilidade. Sofri um muito, aprendi em dobro. Descobri que a gente nunca deve insistir em quem só aprendeu a subtrair.

A soma sempre me atraiu. E vamos combinar: é bem mais fácil somar que diminuir. Para diminuir eu conto nos dedos. Para somar também, é verdade. Mas na hora de somar nada falta. Posso pegar os meus 20 dedos, objetos, dedos imaginários e até mesmo o do vizinho. Para subtrair, nananinanana. Tenho que me virar nos 30, ou melhor, nos 20. E se ficar faltando, o problema é todo meu. Por isso prefiro somar. Já viu que todas as coisas boas chegam em pares?

Meias, por exemplo. São duas. Pijamas precisam da parte de cima e de baixo. Tênis. Scarpins. Sandálias. Botas. Cremes. São sempre muitos, soma infinita. Shampoos. Maquiagens. Plural. Mais de um. Soma. Mais. Cartões. Canetas. Bloquinhos. Caderninhos. Bolsas. Calcinhas. Blusas. Calças. Saias. Amigos. Pais. Bichos. Almofadas. Tudo é somado.

Alguém disse que uma pessoa precisa de outra para ser feliz. Um dia acreditei cegamente nisso. Precisa. Hoje, distante da solidão dolorida e insucessos amorosos constantes, que somavam e se multiplicavam, eu digo que não acredito mais. Uma pessoa não precisa de outra para ser feliz. Porque uma pessoa precisa, isso sim, descobrir a felicidade sozinha. (Saber tudo o que gosta e o que pode ser descartado. Isso a gente só aprende sozinho. E isso ninguém pode nos tirar.) Precisa curtir momentos a sós, com os amigos, com outras bocas, com diferentes rostos. Todo mundo precisa disso. Precisa conhecer e sentir toda a liberdade que a solteirice dá. Mesmo que a solteirice pareça monótona, chata e mesmo que, no fundo, a gente sempre busque um grande amor. Acho que o amor não tem muita explicação, a não ser a seguinte: a gente precisa estar preparado para a chegada dele. Porque é difícil, é muito difícil amar. E dói. Não pense que ao encontrar o amor da sua vida os dias se transformarão em delícias sem fim. Dói. O amor de verdade dói. Ele arranha. Você fica com medo que um dia o sentimento te abandone. Isso causa dor. Dói. Eu insisto: dói. Não é um mar de rosas, depois que passa a fase inicial e você conhece os defeitos de trás para a frente, dói. É uma dor doce. Mas você não precisa da outra pessoa. Você gosta de como ela te abraça, te entende, te ouve, te beija, te olha. Você acha bonita a forma como ela mexe a colher dentro da panela, amarra o sapato, segura o guarda-chuva, tosse, liga a televisão. Só aquele tom de voz te tranquiliza, só aquele abraço te salva do caos de uma semana infernal. Você tem consciência que existem outras coxas, peitos, braços, pernas, olhares e cérebros no mundo. Você sabe que existem outras pessoas bonitas, atraentes e cheirosas no planeta. Mas só aquela te deixa com tesão. Tesão por tudo. Pela vida. Pela crença no amor de verdade. Pela vontade de juntar as escovas de dentes e as meias na gaveta. Pela magia que o amor traz. Pela rotina que o amor traz. Pela chatice que o amor traz. Porque o amor também é chato, um legítimo velho resmungão. O amor também é cheio de tédio. Mas se você sente que só aquela pessoa vale e merece essa dor que acompanha o amor, então é porque você ama com tudo o que você pode. E, aí sim, é que você está completamente livre. Livre para ser quem quiser. Para fazer o que tiver vontade. Para exercitar a sua solidão. A dois. Somando. Fazendo crescer.

Gosto de pessoas e amores inteiros. Porque não sei me dar pela metade nem por partes. Eu transbordo. E se você também for do time que transborda, vem pra cá."

(Clarissa Corrêa)
"Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada no coracão, sem ter para onde correr, sem colo, sem peito, sem ter onde encostar, sem ter quem culpar. Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz."

(Tati Bernardi)
"Quero fazer a diferença. Quero garantia de que alguma coisa vai dar certo. Mas você faz tudo errado. Me trata como se eu fosse só mais uma na sua vida (ou talvez eu seja, realmente). Me liga quando esgotaram-se todas as suas possibilidades. Mente pra mim com a cara mais deslavada. Some e aparece como quem tem a certeza de que eu ainda vou estar no mesmo lugar. Te esperando. Me procura com a certeza de que vai me encontrar. Me liga sabendo que vou te atender. Mas, sabe de uma coisa? Cansei. Vou procurar minha turma. Vou me divertir com as bocas certas. Me deitar em outros colos. Sentir outros abraços. Você não manda mais aqui."

(Brena Braz)
"Eu quero alguém que tenha coragem. E saiba amar coisas simples e mulheres loucas. Quero alguém que acredite em realidade. Que esteja farto de sonhos perfeitos e Romeu e Julieta. Quero alguém que entenda o que é TPM. Que me faça rir. E que minta pouco. Quero alguém que goste de ler. Que me dê presentes fora de época. Quero um amor que me compre biscoitos divertidos, cremes da Lancôme e duas alianças. Que tenha uma casa. Com guarda-roupa. TV grande. Banheira de pé. Jardim. Gato. Cachorro. E uma cama de casal. ENORME. Se for cheiroso e beijar gostoso... Esqueça tudo.


PS: E se for você, eu me contento com um banho de mangueira (no lugar da banheira) e creme de aveia Davene."

(Fernanda Mello)
"Ninguém acredita que sua vida vai se tornar somente “okay”. Todos achamos que seremos grandes... Nos enchemos de expectativas. Expectativas que os caminhos irão se iluminar, as pessoas irão ajudar, a diferença será feita. Grandes expectativas de quem seremos, onde iremos. E então chegamos lá.

Todos nós achamos que seremos grandes e nos sentimos um pouco roubados quando nossas expectativas não são alcançadas. Mas às vezes as nossas expectativas nos mostram que nos subestimamos. Às vezes, o esperado simplesmente perde importância comparado ao inesperado. Você passa a se perguntar por que se apegou a suas expectativas, porque o esperado é o que nos mantém estáveis. Equilibrados. Tranquilos. O esperado é somente o começo, o inesperado é o que muda nossas vidas."

(Grey’s Anatomy)
"Eu sei como é se sentir extremamente pequena e insignificante e como isso dói em lugares que você nem sabia que tinha em você. E não importa quantos cortes de cabelo você faça, quantas vezes vá à academia ou quantas garrafas você toma com suas amigas, você continua indo para cama todas as noites… Repassando todos os detalhes e se perguntando o que fez de errado ou como pôde ter entendido errado. Ou como por aquele momento pensou que era feliz. Até se convence que um dia ele irá se arrepender e virá bater na sua porta… E depois de tudo, ainda que essa situação tenha durado muito tempo, você vai para um lugar novo e conhece pessoas que te fazem sentir útil de novo... E vai recompondo sua alma, pedaço a pedaço... E toda aquela confusão, os anos desperdiçados da sua vida começam a desaparecer.

(in - O Amor Não Tira Férias)
"Não há decisões estabanadas, nenhuma história termina no dia em que ela realmente acaba. Há sempre um desvencilhamento anterior lento, sutil. (Como quando alguém percebe que gradualmente foi perdendo o apetite na hora em que costumava sentir mais fome).Não há aquilo que poderia ser feito de outro jeito. O aprendizado incluía as decepções e os acertos de ambos os lados. E, neste ínterim, os momentos de encontro: dos sonhos, solidões ou prantos.Não há dor que se amenize usando a força momentânea da raiva.Um coração machucado precisa de silêncio e colo, não de berrar aos quatro ventos sua falsa independência. Há ruídos que maculam o que deveria ser preservado. Há que haver gratidão pela lição que vem do que não pode ser mudado. Mas há sempre a possibilidade da transmutação. Numa desilusão, esteja atento: ninguém se perde de si mesmo porque foi abandonado. Por maior que seja a luz, não deixe que a sua sombra o encubra só porque um ciclo acabou sem explicações plausíveis. Há sempre alguma coisa nova por nascer e que precisa deste espaço.Há sempre uma história mais bonita adiante.Há sempre uma forma mais saudável de lidar com sua dor. E recriar o seu destino, tentar se harmonizar com as decisões do outro sem trazer para si as incompletudes dele, é uma forma bem mais interessante de sentir amor."

(Marla de Queiroz)
"Uma das mais saborosas sensações de liberdade que eu conheço é flagrar meu coração feliz sem precisar de nenhum motivo aparente.

Rio e me sinto mar.."
"Alguns sentem vida, sentem beleza, sentem amor, com doses de conta-gotas.  
Eu, não: é uma chuvarada dentro de mim!!"
"Houve um momento em que o aperto foi tão extremo e aflitivo
que eu imaginei não conseguir suportar. Eu nem sabia que,
exatamente naquele ponto, a natureza tecia asas para mim, em silêncio,
mas foi lá que senti que eu era feita também para voar.
O aperto, entendi somente depois, era uma espécie de morte,
um prenúncio da transformação, uma ponte que me levaria a outro modo de ser.."

(Ana Jácomo)
"Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e os maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize. Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade. Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo. Isso é que libera a gente para ser feliz de novo."
 
(Martha Medeiros)
"Sei que amo
antes das coisas existirem. 
A vida me define
e eu decido, existindo.
Não sei o que me fica
ou ficando, sobrepõe-se
ao desígnio.
Muito antes
de me escolher, banindo.
Sei que amo
e tudo acontecido,
indo, vindo."

(Carlos Nejar)


"E, de qualquer forma, às cegas, às tontas, tenho feito o que acredito, do jeito talvez torto que sei fazer.

Let it be.."
"Tem os que passam
e tudo se passa
com passos já passados

tem os que partem
da pedra ao vidro
deixam tudo partido

e tem, ainda bem,
os que deixam
a vaga impressão
de ter ficado."

(Vice Versos - Alice Ruiz)
"Se meus olhos fossem câmeras cinematográficas eu não veria chuvas nem estrelas nem lua, teria que construir chuvas, inventar luas, arquitetar estrelas. Mas meus olhos são feitos de retinas, não de lentes, e neles cabem todas as chuvas estrelas lua que vejo todos os dias todas as noites."
 
(In O Inventário do Ir-remediável - Caio Fernando Abreu)
"E ela gostava de olhar as gostas de chuva
Que nasciam e morriam no vidro da janela
E pensava: Ele está em algum lugar
Apreciando a chuva e esperando por ela!"
"De uns tempos pra cá, muita coisa mudou. Terminei um namoro. Deletei um monte de gente da minha vida. Tudo sem um pingo de remorso. Quem me conhece, sabe que eu nunca fui assim. Sempre dei segundas, terceiras e décimas chances pra todo mundo. Sempre compreendi os erros alheios. Chorei e sofri junto. E passei a mão na cabeça de quem fingia querer o meu bem. Estou mentindo?

A verdade é que, se me analisarem hoje, eu virei outra pessoa. Sou quase a mesma de sempre, mas sinto que não sou mais boazinha. Minha tolerância acabou, minha intuição fareja à distância uma cabecinha ruim. Não aceito mais ser amiga de stalkers, de gente mal resolvida e que me ferra pelas costas. Não tenho raiva de ninguém, mas minha prioridade agora é uma só: eu. Podem me chamar de egoísta, eu aceito. Mas chega uma hora na vida que a gente tem que parar de ser boa com os outros e ser boa – primeiramente – com a gente. Fiquei amarga? Não mesmo. Agora eu sou prática. Vacilou? A porta está aberta, meu bem. Sem dó nem piedade.

Outro dia uma amiga me disse uma frase que prometi não esquecer: quando o “ajudar ao outro” começa a te prejudicar, chegou a hora de parar. OK. Me desculpem, então, os que larguei à deriva. Salve-se quem puder! (Não é esse o clima?).

É, gente, infelizmente, tudo tem seu limite. A gente nunca vai ajudar alguém que (de alguma maneira) quer te prejudicar. É a mesma coisa que salvar quem está afogando. Se bobear, um abraço. Em um minuto, os dois estarão lá no fundo...

Acho que deveria ser instituído com amigos igual fazemos com namorado. Uma coisa do tipo: querida, vamos terminar... Acho muito digno. E até saudável. Afinal, se quase nada é eterno, quem disse que amizades não podem chegar ao fim?

Eu sempre fui boazinha, admito. Mas... EU FUI. Agora, acreditem ou não, não sou mais. E não vou tolerar ninguém que me faça ter sentimentos que não sejam incríveis. É uma questão de respeito com a minha própria vida. E comigo mesma. Não quero. Não posso. Não vou. E, se insistir, eu vou botar pra quebrar, despejar cada palavra dura, doa a quem doer. Estão com medo? (Eu estaria). Cansei de cobranças, chantagens emocionais, meu coração antes mole ficou forte, imaginem só!... (Me entendem?).

Então pra você que acha que eu sou a mesma boba de sempre (que escuta, releva e põe panos quentes), um aviso: tome cuidado comigo. Porque agora que eu sei o que me é caro, não vou mais deixar barato."